Variações mensais do índice ao consumidor amplo e à parcela mais sensível em Campo Grande representam maiores altas entre 16 capitais
Campo Grande aparece com os mais altos índices de inflação, acima de média nacional inclusive, seja para o consumidor amplo (0,89%) ou parcela mais sensível (0,95%), puxada principalmente pela “habitação” na Capital e por “saúde e cuidados pessoais”, grupo com maior impacto nacionalmente.
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o medidor oficial da inflação no Brasil fechou abril em 0,61%, sendo uma alta anual de 2,72% e de 4,18% nos últimos 12 meses, com aumento no preço de todos os grupos e serviços pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em Campo Grande o IPCA subiu 0,21% entre março e abril deste ano, acumulando alta anual de 2,75%, sendo 3,21% no comparativo dos últimos 12 meses e, conforme a Supervisão de Disseminação de Informações (SDI) do IBGE/MS, a inflação da Capital foi de 1,21% em abril.
Entenda
Os índices de preços ao consumidor servem para medir a variação de preços de uma determinada cesta de produtos e serviços, consumidos pela população, e o resultado mostra se ficaram mais caros ou mais baratos de um mês para o outro.
Levantado mensalmente (com média de 430 mil preços em 30 mil locais do País), a pesquisa analisa preços de passagens de ônibus; arroz e feijão; escolas; médicos e também quanto do rendimento familiar é gasto em cada um desses produtos e serviços.
Importante frisar que o que diferencia o IPCA do INPC é justamente o termo “amplo”, com o primeiro indicador analisando uma maior parcela da população, de famílias com renda entre um e 40 salários mínimos.
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) observa a chamada “parcela mais sensível”, que recebe até 5 salários mínimos e desprendem maior parte de suas receitos com itens básicos (alimentação, transporte), e por isso acabam mais influenciados pelas altas nos preços.
Medido desde 1980 pelo IBGE, em toda sua história a maior variação mensal do IPCA foi registrada em Março de 1990 (82,39%) e menor índice observado em agosto de 1998 (-0,51%).
Resultado
Dos grupos pesquisados, oito tiveram alta em Campo Grande e apenas “artigos de residência” (-0,06%) escapou, sendo que o maior impacto foi causado por “habitação”, que variou quase dois porcento (1,97%).
Segundo o IBGE, o aumento na energia elétrica (que teve alta de 6,11%), após reajuste de 9,80%, foi o principal impactante do grupo da habitação, que ainda registrou aumentos nos subitens de mudança (4,24%), tinta (1,68%) e botijão de gás (0,41%).
Enquanto cimento, saco de lixo e água sanitária puxaram o índice para baixo, com -2,54%; -1,93% e -0,99% respectivamente.
Saúde e cuidados pessoais foi o segundo grupo mais influente no índice no último mês, representando 1,48% em Campo Grande, puxado por:
- psicotrópico e anorexígeno (6,03%),
- hormonal (5,52%) e
- dermatológico (5,19%)
Conforme o analista da pesquisa, André Almeida, isoladamente o subgrupo de produtos farmacêuticos contribuíram em 0,11 pontos percentuais no índice, com variação de 3,81% para Campo Grande.
Ainda no grupo de saúde, as quedas foram observadas nos subitens perfume (-1,58%), óculos de grau (-1,48%) e artigos de maquiagem (-0,78%).
Para André, o único grupo que registrou queda, “artigos para residência”, foi fortemente influenciado pelos preços das roupas de cama (-3,05%) e utensílios de vidro e louça (-2,34%), enquanto as variações positivas são vistas nos subitens de móveis para copa e cozinha (2,217%) e para sala (2,11%).
Cesta básica
Quado observado o grupo de “alimentação e bebidas”, uma aceleração é nitidamente constatada com o indicador saltando de -0,05% para 1,20%, influenciado principalmente pelos pedidos de delivery, com a “alimentação em domicílio” também crescendo de um índice negativo (-0,13% em março) para 1,44% em abril.
Dos produtos do dia a dia, o tomate foi o “principal vilão”, com alta de 19,55% nos preços, seguido pela batata-inglesa (19,16%); feijão-carioca (11,79%); queijo (6,17%) e leite longa vida (6,02%). Já os declínios em valor foram vistos em:
- Maçã (-10,63%),
- Cebola (-7,04%), o
- Frango inteiro (-4,37%) e o
- Óleo de soja (-3,64%).
Além da alta de 0,48% em “alimentação fora do domicílio”, a refeição também ficou com resultado acima do registrado em março (0,22%), de 0,96%, enquanto uma desaceleração de 0,03% foi registrada no subitem “item”, que fecha em -0,24%.
Demais altas
Vale ressaltar que, apesar do aumento, a alta em “transportes” deveria ser bem mais acentuada se não fosse a queda observada no preço da gasolina, de quase 1% neste mês de abril, enquanto “conserto de automóvel” (2,75%) aparece como o subitem com maior impacto no aumento do grupo, de 0,06p.p.
Também as passagens aéreas aparecem como o maior aumento, sendo 22,84% mais caras no último mês e acumulando 33,68 pontos percentuais nos últimos 12 meses.
Já em “vestuário”, calçados e acessórios (1,32%) aparecem como o maior impacto do grupo, que ainda foi puxado para cima pelos aumentos em joia (1,74%) e sandália/chinelo (2,72%).
Educação também variou para cima (0,22%) em Campo Grande no mês de abril, depois de um -0,05 observado em março deste ano, com essa retomada impactada pelos aumentos em atividades físicas (1,09%); papelaria (1,90%) e artigos relacionados com esse último subitem (3,65%).
Outro aumento foi visto em “despesas pessoais”, que saíram de 0,57% em março para 0,73% em abril. Nesse grupo, os seguintes subitens influenciaram o medidor para cima:
- Depilação (3,17%),
- Sobrancelha (3,04%) e
- Pacote turístico (2,68%)
Enquanto serviço de higiene para animais (-2,36%) e brinquedo (-0,71%) aparecem como os subitens que registraram queda no grupo de despesas pessoais.
Por fim, “comunicação” foi principalmente influenciada por plano de telefonia fixa (9,65%) e aparelho telefônico (-0,42%), para o resultado da variação de 0,16% observado em abril de 2023.
Faixa mais sensível
Quanto ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), os números de abril em Campo Grande tiveram uma variação mensal de 0,95% e acumulado anual de 2,83 pontos percentuais.
Aqui, os impactos se repetem e “artigos de residência” (-0,05%) segue como único registro negativo do índice neste mês, enquanto o principal aumento também foi observado em habitação (1,78%) e seguido por saúde e cuidados pessoais (1,38%).
Nacionalmente, a alta do INPC foi de 0,53%, acumulando alta anual de 2,42% e de 3,83% nos últimos 12 meses, sendo que todas as áreas tiverem variações positivas quando analisados os índices regionais, com Campo Grande no topo da lista em abril.
CORREIO DO ESTADO. Puxada por alta na energia e medicamentos, inflação da Capital está acima da média nacional. Disponível em:<https://correiodoestado.com.br/economia/puxada-por-alta-na-energia-e-medicamentos-inflacao-da-capital-esta/414853/>. Acesso em: 12.Mai.2023.