Trump afirmou que a economia russa está em declínio e faria um “grande favor” ao presidente russo

O presidente dos EUA, Donald Trump, ameaçou nesta quarta-feira, 22, a Rússia com impostos, tarifas e sanções se um acordo de paz com a Ucrânia não for fechado em breve. Ao enviado especial da Casa Branca, Keith Kellogg, ele deu um prazo de 100 dias para acabar com a guerra, que ele havia prometido encerrar 24 horas após sua posse.

Em postagem ontem em sua rede Truth Social, Trump afirmou que a economia russa está em declínio e faria um “grande favor” ao presidente russo, Vladimir Putin. “Se não chegarmos a um acordo em breve, não tenho outra escolha senão aplicar altos níveis de impostos, tarifas e sanções a tudo o que for vendido pela Rússia aos EUA e a vários outros países. Vamos acabar com esta guerra, que nunca teria começado se eu fosse presidente.”

Antes de sua posse, na segunda-feira, Trump havia prometido encerrar a guerra antes de assumir o cargo, o que levou a especulações de que ele poderia pressionar a Ucrânia a fazer concessões territoriais. Contudo, nas últimas horas, ele adotou um tom mais duro com o presidente russo. “Podemos terminar com a guerra da maneira fácil ou da maneira difícil”, disse ontem o presidente americano.

Reação

Nem Putin, nem seu chanceler, Serguei Lavrov, responderam às ameaças de ontem. Quem falou em nome do Kremlin foi o vice-embaixador da Rússia na ONU, Dmitri Polyanski. “Temos de ver o que significa ‘acordo’ no entendimento do presidente Trump”, disse. “Ele não é responsável pelo que os EUA vêm fazendo na Ucrânia desde 2014, mas está em seu poder agora interromper essa política maliciosa.”

No entanto, há poucos indícios de que ameaças econômicas possam fazer Putin ceder. As importações americanas da Rússia são relativamente pequenas, totalizando US$ 4,6 bilhões, em 2023 – a China importa mais de US$ 560 bilhões dos russos. Além de fertilizantes, rações para animais e maquinário, a Rússia atualmente representa menos de 0,2% das importações dos EUA.

Além disso, a Rússia já é um dos países mais afetados por sanções no mundo, em razão da anexação da Crimeia, em 2014, e da invasão da Ucrânia, em 2022. Até agora, as medidas tiveram pouco ou nenhum efeito coercitivo, principalmente porque a Rússia encontra um cenário internacional que apresenta várias válvulas de escape – países que também deveriam estar isolados pelo Ocidente, mas que se apoiam mutuamente.

O presidente da França, Emmanuel Macron, vem advertindo há muito tempo que a guerra da Rússia contra a Ucrânia não terminará tão cedo. “Não vamos nos iludir”, disse Macron, em seu discurso de ano-novo direcionado para as Forças Armadas. “Esse conflito não terminará amanhã, nem depois de amanhã.”

Negociações

Ontem, Trump não comentou se pretende dar continuidade à política do governo anterior de enviar armas à Ucrânia para combater a invasão russa. “Estamos examinando isso”, declarou. “Estamos conversando com (o presidente ucraniano Volodmir) Zelenski, e vamos conversar com Putin muito em breve.”

Desde o início do ano, Trump vem dizendo que pretende encontrar Putin “em breve”. O Kremlin afirma que o presidente russo está pronto para conversar com o americano, mas nenhuma reunião entre eles foi agendada.

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