Em entrevistas, maioria afirmou que a responsabilidade para resolver o aumento dos preços dos alimentos é do Estado

A alta nos preços dos produtos da cesta básica tem sido um tema de constante preocupação para os brasileiros, e em Mato Grosso do Sul, não é diferente. O Governo Federal anunciou recentemente medidas de redução de impostos sobre alguns itens essenciais, como forma de aliviar a pressão inflacionária sobre a população. No entanto, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), afirmou que não tomará nenhuma medida “casuística” em relação a essa questão, gerando discussões sobre qual instância deve intervir na redução dos preços.

Em Campo Grande, a maioria da população concorda que a responsabilidade pela redução dos preços recai sobre o governo estadual. Durante entrevistas realizadas pela reportagem, diversos consumidores expressaram suas opiniões sobre a situação. Maria Mendes, 77 anos, autônoma, por exemplo, considera que o problema deve ser resolvido pelo governo estadual. “Eu acho que é o governo que tem que resolver. O governador tem que olhar para isso, porque é ele quem está mais próximo de nós, a gente o elegeu”, afirmou Maria.

Outro depoimento relevante foi o de Antônia Neta, 85 anos, aposentada. Ela também defendeu que a responsabilidade sobre os preços recai sobre o governo estadual, enfatizando a importância da atuação local para resolver o problema. “Eu sou de Corumbá e, quando morava lá, também pensava assim. O nosso governador é quem tem que resolver isso, ele é quem pode fazer algo pela gente”, explicou.

O governador é quem pode fazer algo pela gente Antônia Neta, aposentada – Foto: Nilson Figueiredo

“Estamos falando de uma necessidade básica, que vai além de promessas de campanha. O que vemos hoje é uma realidade distante da que foi anunciada, e a população sente isso no bolso e na mesa. Não estamos falando de artigo de luxo, mas de mera sobrevivência. Vale lembrar que o principio do mínimo existencial visa assegurar a dignidade da pessoa humana e nem isso esta sendo garantido para nossa população”, afirma Inês Santiago, presidente da FDCL (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas) de Mato Grosso do Sul.

O economista Eugênio Pavão esclareceu que, apesar de o governo federal ter anunciado uma redução de tributos para aliviar o custo dos alimentos, a maior parte dos impostos sobre os produtos da cesta básica é de competência estadual, especialmente o ICMS. “O ICMS é o imposto que representa a maior parte da arrecadação estadual, e o governo de Mato Grosso do Sul está resistindo à redução da alíquota para não perder receita”, explicou o especialista.

Na quarta-feira (12), o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel afirmou, em coletiva, que o Estado já aplica uma redução expressiva na alíquota.

“Estamos vivendo uma conjuntura econômica complexa no Brasil, com inflação alta, mas não vamos tomar medidas casuísticas em resposta a um momento específico. Já temos uma redução muito significativa. O Flávio (secretário de Fazenda) está em Brasília em reunião com os secretários para discutir esse assunto. Quando ele voltar, vamos avaliar se é necessário adotar uma medida mais incisiva. No entanto, não vejo, no momento, essa como a solução para o problema”, declarou.

O governador também destacou que o aumento de preços de alguns alimentos, como o ovo, é temporário e influenciado pela oferta e demanda. “Agora, a questão é o ovo estar caro, então vamos zerar tudo? Precisamos entender os ciclos de mercado. Assim como hoje está caro, amanhã pode estar muito barato. Os produtos agrícolas, de maneira geral, seguem ciclos de mercado que são influenciados pela oferta e pela demanda”, explicou.

Por Djeneffer Cordoba

administrator

Related Articles

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *