A combinação de clima seco, ambientes fechados e circulação de vírus e bactérias cria o cenário perfeito para a disseminação de doenças respiratórias

UPA lotada de pacientes no início de abril. (Henrique Arakaki, Midiamax)
Campo Grande enfrenta desde a semana passada um decreto de emergência por 90 dias, diante do aumento de casos de síndrome respiratória e déficit de leitos na rede pública de saúde. E com a chegada do outono, o tempo muda, a temperatura cai e os prontos-socorros pediátricos voltam a encher. Tosse, coriza, espirros e até febre são queixas comuns nessa época do ano, especialmente entre os pequenos.
A combinação de clima seco, ambientes fechados e circulação de vírus e bactérias cria o cenário perfeito para a disseminação de doenças respiratórias. Entre os principais vilões dessa temporada estão o rinovírus, o vírus da gripe (influenza), o adenovírus e o temido Vírus Sincicial Respiratório (VSR), principal causador da bronquiolite em bebês.
Essas infecções costumam se intensificar de março a agosto, devido à sazonalidade dos agentes infecciosos e dos hábitos da população, como aglomeração em locais fechados e pouca ventilação.
Para ajudar as famílias a atravessar esse período com mais saúde e menos preocupações, separamos 7 dicas essenciais de prevenção:
1. Ventile os ambientes: evite manter janelas e portas fechadas por muito tempo. O ar parado facilita a transmissão de vírus e bactérias.
2. Lave bem as mãos: a higiene das mãos continua sendo uma das formas mais simples e eficazes de evitar doenças.
3. Cubra nariz e boca ao tossir ou espirrar: use lenços descartáveis ou o antebraço. E ensine as crianças a fazer o mesmo!
4. Evite locais cheios e fechados: ambientes com aglomeração aumentam o risco de contaminação, principalmente para os pequenos.
5. Fique atento à hidratação: beber bastante água ajuda a manter as vias respiratórias hidratadas e mais protegidas.
6. Use máscara se estiver com sintomas: mesmo com a redução da obrigatoriedade, a máscara ainda é uma aliada em tempos de infecções respiratórias.
7. Vacinas em dia: mantenha a carteirinha de vacinação atualizada — ela é uma das formas mais seguras de prevenção.
Atenção aos sinais de alerta: Em bebês e crianças pequenas, respiração acelerada, uso excessivo da musculatura do tórax e febre persistente são sinais de que algo mais sério pode estar acontecendo. Nesses casos, o ideal é procurar atendimento médico.
Vacina liberada
A vacina contra a gripe foi liberada para toda a população campo-grandense no último domingo (27). A medida foi anunciada pela secretária da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Rosana Leite de Melo, e a decisão ocorre após a Prefeitura de Campo Grande decretar situação de emergência na saúde por 90 dias diante do aumento de casos de síndrome respiratória e déficit de leitos na rede pública de saúde.
Assim, a imunização para toda a população começou na Igreja Universal, onde já haveria o Plantão de Vacinação. No local, outros imunizantes do calendário municipal, como hepatite, tríplice viral, DTP, Influenza e Covid-19 estarão disponíveis.
Conforme a secretária, 200 mil doses foram enviadas à Capital, mas apenas 56 mil foram aplicadas. Isso indicaria que apenas 1/3 do público prioritário se imunizou desde o início da Campanha de Vacinação. Apesar disso, a recomendação é que essas pessoas priorizem a ida às unidades de saúde e garantam a proteção.
“Embora a Sesau tenha ampliado, o idoso, a gestante e a criança devem se vacinar, porque essa é a população que adoece, hospitaliza, agrava, até vai a óbito em decorrência da doença”, pontua.
A partir da última segunda-feira (28), o imunizante também esteve disponível em todas as unidades de saúde, além de outros cinco pontos estratégicos para reforçar a imunização.
“A vacina da Influenza é segura, e contém vírus inativados, que não vão causar a doença. É importante que as pessoas se vacinem e vacinem as crianças”, acrescenta.
Outra recomendação é que a população volte a utilizar máscaras em locais de aglomeração, a fim de diminuir a propagação de doenças respiratórias.
Situação de Emergência
Há quase um ano, em 30 de abril de 2024, Campo Grande decretava situação de emergência na saúde diante do déficit de leitos pediátricos. O decreto foi publicado em edição extra do Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande), no último sábado. Conforme boletim epidemiológico da SES (Secretaria Estadual de Saúde), Mato Grosso do Sul registrou 1.940 hospitalizações por SRAG neste ano e 27 mortes.
Durante o encontro, foi informado que nenhum hospital da rede privada dispõe ou tem capacidade de ampliar leitos para atender a demanda do SUS (Sistema Único de Saúde), especialmente para UTI (Unidade de Terapia Intensiva) pediátrica.
Conforme a titular da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Rosana Leite, a medida irá permitir que o Executivo adote estratégias operacionais para melhorar o atendimento à população.
Entre elas, está a possibilidade de transferir crianças do Pronto Atendimento Infantil, no Bairro Tiradentes, para as UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) Universitário ou Coronel Antonino. As duas unidades de saúde operam 24 horas e teriam estrutura para receber os pacientes.
Atualmente, a norma do Ministério da Saúde aponta que o paciente precisa ser transferido para um hospital depois de 24 horas de internação em uma unidade de saúde.
“Nós vamos fazer um trabalho conjunto. O Pronto Atendimento Infantil e essas duas UPAs para trabalhar como se fosse um conjunto. De repente, um paciente que vai para o Pronto de Atendimento, ele não está com uma situação tão grave, mas precisa ficar em observação, dois ou três dias, ele vai para essa outra UPA, nós transferiremos, nós fazemos toda essa sistemática”, explica.
O Pronto Atendimento Infantil irá se tornar referência para internação dos casos mais graves diante da falta de leitos em hospitais, já que dispõe de uma infraestrutura mais especializada.
“O que é esse plano de contingência? O Pronto Atendimento Infantil, onde nós temos pediatras 24 horas, nós temos fisioterapeutas, nutricionistas, nós temos equipamentos de fisioterapia […] nós colocaremos os casos mais graves, porque o manejo é melhor, os dados que analisamos depois da implantação do Pronto de Atendimento Infantil nos dão essa certeza e essa segurança que lá é um local onde as crianças serão bem atendidas”, explicou.