Usar o celular por tempo prolongado enquanto está no vaso sanitário se torna um fator de risco para desenvolver a condição

Mais de 500 moradores de Campo Grande procuraram atendimento médico por hemorroida, em 2025, na rede pública de saúde. Considerada uma das queixas gastrointestinais mais comuns, a condição eleva o número de consultas e pode levar à necessidade de cirurgia em casos mais avançados. A hemorroida é caracterizada pela dilatação dos vasos sanguíneos na região anal e exige atenção por estar ligada a maus hábitos do dia.
Segundo a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), só em 2025, ao menos 577 pacientes foram agendados para consulta com o proctologista. Deste total, 137 pacientes receberam indicação cirúrgica, enquanto 76 procedimentos já foram autorizados para serem realizados na rede pública.
A coloproctologista Nathalia Manzano Gonçalves explica que a origem do problema está principalmente no estilo de vida. Os fatores de risco incluem a dieta pobre em fibras; a constipação crônica, que leva ao esforço evacuatório; o hábito de adiar a evacuação; e, principalmente, ficar muito tempo sentado no vaso sanitário.
Usar celular no banheiro pode?
Uma pesquisa recente, divulgada pela revista científica Plos, mostrou que pode ser um risco usar o celular por tempo prolongado enquanto está no vaso sanitário. Esse hábito se torna um dos vilões para desenvolver hemorroidas.
De acordo com o estudo, que envolveu ao menos 125 adultos, o vaso sanitário está associado ao diagnóstico da hemorroida. A pesquisa concluiu que o hábito de mexer no celular está associado a um risco de 46% de ter hemorroidas.
O levantamento mostrou que quase 4 a cada 10 usuários de celular passavam mais de cinco minutos no vaso sanitário. As atividades mais comuns seriam: distrair-se com redes sociais e ler notícias. Os pesquisadores reforçaram que o problema não está em fazer esforço para evacuar, e sim no tempo excessivo sentado, principalmente em uma posição não confortável para o assoalho pélvico.
Sinais de alerta
Conforme a especialista Nathalia Manzano, os sinais mais comuns da hemorroida são:
- Dor ao evacuar;
- Sangramento;
- Protusão (saída de “pelezinha”) ao evacuar.
Contudo, Manzano faz um alerta sobre os sintomas. “Todo sangramento anal deve ser tratado com seriedade e investigado, por se tratar de um diagnóstico diferencial de câncer colorretal.”
O tratamento da hemorroida é individualizado e depende do grau da doença. A especialista classifica o problema em dois tipos: internas e externas. Para casos leves e iniciais, ou seja, pouco sintomáticos, o tratamento pode ser feito com pomadas e medicação oral.
Já hemorroidas internas de graus 1, 2 e 3 podem ser tratadas com o procedimento minimamente invasivo de ligadura elástica. E, em casos mais avançados, aquelas hemorroidas volumosas e muito sintomáticas requerem a cirurgia definitiva.
A recuperação pós-operatória é delicada e exige, em média, 15 dias de repouso sem atividades físicas e laborais.
Prevenção
Para todos os quadros, a mudança de estilo de vida é incentivada. A melhor prevenção passa pela reeducação alimentar e por bons hábitos de higiene. Segundo a Dra. Nathalia, “alimentação rica em fibras melhora o bolo fecal e facilita a evacuação, reduzindo o esforço ao evacuar”.
- Alimentação rica em fibras com 2 porções de frutas diárias, folhas verdes no almoço e jantar, legumes.
- Média de 3 litros de água ao dia.
- Recomenda-se o hábito de se lavar após evacuar, pois o uso do papel higiênico pode machucar o plexo hemorroidário.
Mitos e fatos comuns
- Pimenta causa hemorroidas?
Mito. Segundo Manzano, alimentos muito condimentados podem apenas piorar uma condição já existente.
- Sexo anal faz surgir?
Mito. O ato pode acentuar os sintomas em uma doença hemorroidária preexistente.
Tratamento no SUS
Para os pacientes que buscam o cuidado na rede pública de Campo Grande, o acesso ao especialista é feito por meio do Sisreg (Sistema de Regulação).
O paciente deve procurar a USF (Unidade de Saúde da Família) para passar por uma avaliação clínica. Se necessário, o médico realiza o encaminhamento para o especialista pelo Sisreg. E, caso houver indicação para cirurgia, o paciente é novamente encaminhado pelo Sisreg ao especialsita.
