Projetos apontam para a força latente de jovens talentos e de um público crescente
Tem impressionado muita gente que acompanha de perto o cenário cultural de Mato Grosso do Sul, além dos próprios participantes e das plateias, o significativo aumento de projetos sociais desenvolvidos no Estado que se ancoram no ensino e na divulgação da música de concerto. O Correio B procura, dentro do possível, noticiar e fazer o mapeamento dessas iniciativas.
Nesta reportagem, você tem a oportunidade de conhecer um pouco de dois projetos que fazem parte da onda musical erudita instada por entidades e instrumentistas e também por alunos e, sim, pelo respeitável público.
FILARMÔNICA JOVEM
Um deles é o projeto Filarmônica Jovem de MS (FJMS), que vem desenvolvendo uma importante ação de formação cultural atendendo mais de 70 alunos, em três pontos de Campo Grande, por meio de parcerias com Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que se localizam em regiões periféricas da Capital.
A iniciativa proporciona mais que apenas um reforço para os jovens participantes das atividades oferecidas nos bairros Parque do Sol, Jardim Colúmbia e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, respectivamente, pelas OSCs Associação Espaço Esperança, Associação Águia e Centro de Integração da Criança e do Adolescente.
São aulas de música envolvendo a utilização de instrumentos de orquestra, a exemplo do violino, da viola sinfônica, do violoncelo e do contrabaixo.
Um dos resultados práticos do trabalho desenvolvido durante as aulas é a formação de grupos para apresentações nas próprias comunidades, além da mobilização dos três polos, de maneira integrada, para a formação de uma orquestra com mais de 40 componentes.
Com direção do maestro Eduardo Martinelli, o projeto conta com recursos financeiros do Fundo de Investimentos Culturais de Mato Grosso do Sul (FIC/MS), que aporta recursos do governo do Estado sob a gestão da Fundação de Cultura de MS.
Em seu segundo ano de execução, o Filarmônica Jovem é coordenado pelo maestro Jardel Tartari e conta com a colaboração dos músicos e professores Jorge Cáceres, Bianca Danzi e Mônica Buccelli.
CIRCULAÇÃO
O maestro Eduardo Martinelli ressalta a importância de ações desse tipo no fomento cultural da cidade.
“Levar formação cultural a regiões que dificilmente teriam acesso a este tipo de atividade é necessário para o desenvolvimento de uma sociedade mais consciente culturalmente, além do exercício do direito ao acesso à cultura pelos cidadãos”, afirma o maestro.
Além das ações de formação continuada e de apresentações com os alunos que participam da iniciativa da orquestra, o Filarmônica Jovem prevê uma circulação de concertos com os educadores do projeto em cidades do interior do Estado.
A ideia, com as apresentações, é divulgar a música de concerto e também a sua importância na formação cultural do indivíduo.
Em tempo: boa parte da equipe do projeto é oriunda de ações de formação cultural semelhantes ao FJMS. São artistas e agentes culturais que acabaram se profissionalizando na área a partir do estímulo e do suporte de projetos alimentados pelo mesmo desejo de mudar realidades e alavancar carreiras por meio da música de concerto.
Jardim, Corumbá, Três Lagoas, Terenos e Campo Grande são as próximas cidades que receberão as apresentações.
SÓ CELLOS
Apesar do esforço crescente de quem atua “por dentro” na divulgação da música clássica, assistir uma orquestra ao vivo ainda é algo raro para boa parte da população de MS, que dirá uma orquestra somente de violoncelos.
Mas isso já é realidade há alguns anos, pelo menos na Capital Morena. Trata-se do projeto Orquestra de Violoncelos de MS, que é uma ação dirigida pelo maestro e professor Marcelo Gerônimo e pelo professor Henrique Lucena.
O projeto prevê o fomento a ações que envolvam, de diferentes maneiras, o violoncelo, ou simplesmente cello para os mais chegados. São várias frentes de atuação, sendo a principal delas um curso continuado do instrumento para iniciantes ou para pessoas já iniciadas.
Uma vez mais, o objetivo resulta na formação de um grupo para apresentações, que é a Orquestra de Violoncelos de MS. Esse curso é realizado aos sábados, durante toda a manhã, no Centro Municipal de Música, localizado na Rua Coronel Camisão, nº 65, com várias turmas e professores especialistas no instrumento.
Também é realizada em nível estadual uma circulação que tem como proposta potencializar a divulgação do instrumento que, de Bach a Villa-Lobos, encanta há séculos ouvidos e corações por todo o planeta. A série de concertos, já em curso, é realizada pelo Trio de Violoncelos de MS, formado pelos professores do projeto.
DE UM PARA VÁRIOS
Essas ações almejam oportunizar o contato direto com o instrumento, pois, além de um recital de aproximadamente uma hora com repertório variado, de música clássica e popular, incluindo obras regionais sul-mato-grossenses, os espectadores têm a oportunidade de, após o concerto, ter um primeiro contato físico com o instrumento e participar de uma vivência musical.
Os concertos com o Trio de Violoncelos de MS estão sendo ou já foram realizados nas seguintes cidades: Jardim, Ivinhema, Corumbá, Dourados, Aquidauana, Coxim, Nova Andradina, Naviraí e Três Lagoas.
Segundo o maestro Marcelo Gerônimo, o fomento ao violoncelo, que é um instrumento de “extrema importância” para a formação de orquestras e grupos de câmara de música de concerto, vem surtindo importantes resultados.
“Há relatos de que há 15 anos havia somente um violoncelista na Capital. Hoje essa realidade é diferente, temos diversas pessoas com formação superior no instrumento, inclusive mestres e especialistas. Isso em razão de um árduo trabalho de incentivo”, relata o maestro Gerônimo.
O projeto Orquestra de Violoncelos de MS também conta com recursos financeiros do FIC/MS.
CORREIO DO ESTADO. Projetos sociais ancorados no ensino e na divulgação da música clássica ganham força no Estado. Disponível em:<https://correiodoestado.com.br/correio-b/projetos-sociais-ancorados-no-ensino-e-na-divulgacao-da-musica/413497/>. Acesso em:12.Abr.2023.