Sol forte, tempo seco e alerta das autoridades faz com que a população opte por ficar em casa
Na sexta-feira, 22 de setembro, está marcada como a mais quente do ano em Campo Grande. A onda de calor chegou “com tudo” em todo o Estado, e a previsão é de que as temperaturas continuem elevadas durante o fim de semana.
O “calorão” pede alguns cuidados de saúde, como reforço na hidratação e diminuição da exposição ao sol. Os alertas emitidos pelas autoridades de saúde – e, é claro, as condições climáticas – estão fazendo com que a maioria das pessoas optem por permanecer em casa.
Com isso, estabelecimentos ao ar livre estão registrando queda no movimento e nas vendas. A equipe de reportagem esteve na Avenida Afonso Pena, e visitou quiosques próximos ao Bioparque Pantanal e ao Parque das Nações Indígenas, locais que costumam reunir um grande número de pessoas, e constatou a queda no movimento.
As mesas dos quiosques, distribuídas estratégicamente em baixo de árvores, estão em maioria vazias.
As funcionárias, que dividem o espaço de trabalho com as máquinas, acabam ficando expostas também ao calor dos equipamentos, e recorrem a meios para se refrescar. Foto: Gerson Oliveira
Em um dos estabelecimentos, que vende de sorvetes a salgados, as funcionárias se refrescavam com um pequeno ventilador. A atendente Bruna Vicente, de 23 anos, confirmou a queda no movimento durante a maior parte do dia, e explicou que o sol forte acaba fazendo com que as pessoas optem por locais mais protegidos, fechados.
“A gente acha que por conta do calor, as pessoas vão querer sair de casa, né? Mas está tão quente que as pessoas não querem sair, não querem ficar no sol”, comentou.
Com relação aos produtos vendidos, Bruna apontou aumento na procura por casquinhas de sorvete, mas queda no consumo de salgados, especialmente os fritos, como pastéis.
Em outro quiosque, que tem como carro-chefe a água de coco, as vendas apresentaram queda de quase 84%. Marcos Murilo, de 18 anos, que trabalha no local, relatou que o “normal” é a venda de quase 250 cocos por dia. No entanto, com a queda do movimento, estão sendo vendidos cerca de quarenta.
“O que mais está saindo é o açaí, só que tem menos gente que consome açaí. Geralmente as pessoas costumavam parar para tomar a água de coco, antes ou depois de alguma atividade física”, comentou.
Segundo os vendedores, o movimento só começa a melhorar no fim da tarde, por volta das 17h, quando o sol já está mais próximo de se pôr.
“Quando o sol ‘abaixa’, umas 17h, o Parque das Nações Indígenas enche, ainda mais nos finais de semana. Mas o calor está insuportável, e isso acaba afastando”, afirmou Bruna.
“Nesse horário as pessoas vem para fazer uma caminhada, e acabam passando aqui para comprar alguma coisa. Só que, ultimamente, diminuiu até o fluxo dessas pessoas que frequentam o parque no fim da tarde”, confirmou Marcos.
A expectativa agora é de que o movimento melhore durante o fim de semana.
“Normalmente aos fins de semana aqui enche de gente, as mesas ficam lotadas, de manhã, à tarde e à noite, e eu espero que tenha duas vezes mais gente amanhã”, concluiu Marcos.
Alguns ainda preferem o ar livre
Vanessa Malaquias, de Corumbá, era uma das clientes que preferiu ir ao Parque ao invés de ficar em ambientes fechados. Na cidade para fazer consultas médicas, aproveitou o calor para tomar uma água de coco gelada, sob a sombra de árvores, na companhia de familiares.
Foto: Gerson Oliveira
Segundo ela, o local foi escolhido justamente por ter muitas mesas na sombra e ar puro. Além disso, a água de coco gelada e os brinquedos para as crianças estavam ajudando a distrair e amenizar a alta temperatura.
“Geralmente, quando venho para cá, fico em locais fechados, mas está fazendo um calor muito atípico em Campo Grande”, destacou Vanessa.
Ricardo Cabral, que já tem o costume de frequentar o parque, aproveitou o calor para tomar açaí e água de coco.
“O Parque das Nações é um dos espaços que a gente tem aberto que tem bastante sombra, bastante árvore, que corre bastante vento, e ainda tem as opções de alimentação, de coisas para beber, para evitar esse calor”, comentou.
Além de buscar ar livre, Ricardo destacou que está focando em cuidar da saúde, bebendo bastante água e recorrendo a atividades que ajudem a driblar o calor
“Não tem muito o que fazer [com esse calor] na realidade, né? Em casa a gente fica na frente do ventilador, bebe bastante água, e aos fins de semana a gente procura ir em algum lugar que tenha corrente de água, um rio, alguma coisa”, comentou.
O tereré, típico do sul-mato-grossense, também é um aliado.
“Ficar na sombra e tomar um tereré é super bem-vindo”, concluiu.
CORREIO DO ESTADO. Calorão afasta clientes e diminui vendas nos quiosques da Av. Afonso Pena. Disponível em:<https://correiodoestado.com.br/cidades/calorao-afasta-clientes-e-diminui-vendas-nos-quiosques-da-av-afonso/420450/>. Acesso em: 22.Set.2023