O Cerrado abriga destinos como a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, as Serras Gerais e o Jalapão, no Tocantins, e a Chapada das Mesas, no Maranhão
O Cerrado brasileiro ostenta títulos grandiosos. É o segundo maior bioma do País, atrás apenas da Amazônia, e também uma das savanas mais ricas do mundo. Ainda assim, é pouco visitado. No ano passado, por exemplo, o número de turistas que passaram pelo Jalapão, no Tocantins, foi seis vezes menor do que os visitantes de Bonito, em Mato Grosso do Sul, segundo os governos estaduais.
Região de inúmeras belezas naturais, o Cerrado abriga destinos como a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, as Serras Gerais e o Jalapão, no Tocantins, e a Chapada das Mesas, no Maranhão.
Durante o mês de julho, a reportagem percorreu os quatro destinos. Foram incontáveis cachoeiras, rios, trilhas, banhos, aventuras e paisagens que parecem tirados da tela de um computador.
O roteiro começa pela Chapada dos Veadeiros. Da vila de São Jorge, no distrito de Alto Paraíso de Goiás, principal cidade da região, o acesso à Cachoeira do Segredo, uma das mais bonitas, fica mais perto.
A queda d’água tem cerca de 100 metros. Junto dos paredões de pedra, ela parece estar em três dimensões. A estrada de terra até o local é compensada pela paisagem jurássica e pelo banho gelado.
Já no município de Cavalcante estão dois dos mais impressionantes atrativos da região: a Cachoeira da Borda Infinita e a Cachoeira do Rei do Prata. Para chegar a ambos é preciso de um veículo 4 x 4 e de um guia turístico credenciado. São cerca de 70 quilômetros de distância de Cavalcante em estrada de terra e mais 15 km, em média, de caminhada, somando ida e volta.
Antes de chegar à Cachoeira da Borda Infinita e se deparar com o poço profundo de águas cristalinas, a vista para o penhasco e o vale, o turista pode se refrescar em diversas quedas d’água. Já a Cachoeira do Rei do Prata leva esse nome não à toa. Encravada no paredão de pedra, ela reina no enorme poço de água verde-esmeralda cercado da vegetação deslumbrante.
De Cavalcante, de carro, ou então de Teresina de Goiás, de ônibus, o turista pode chegar a Aurora do Tocantins, a primeira parada para a região das Serras Gerais, no Tocantins.
No município, uma das principais atrações é o Rio Azuis, considerado o menor rio do Brasil e da América Latina, e o terceiro do mundo, com 147 m de extensão. A água cristalina e de temperatura elevada é um convite para o dia todo.
Subindo em direção ao norte está a cidade de Dianópolis, a que mais oferece estrutura para o turismo nas Serras Gerais.
Mas é no município vizinho, Rio da Conceição, que está um dos atrativos mais surpreendentes da região: a Lagoa da Serra. O verde da vegetação contrasta com o azul da água, formando um cenário único. O acesso é difícil, mas nada que um bom motorista não resolva.
A cidade de Rio da Conceição também abriga a Fortaleza dos Guardiões, chamada de Capadócia do Tocantins. O conjunto de rochas de arenito tem vários formatos que lembram soldados e figuras religiosas.
Elas são moldadas pelo vento e a chuva, mas há evidências de que estão ali desde quando toda a região era coberta de água, há milhares de anos. O local guarda um belo pôr do sol.
Já no município de Almas, o Cânion Encantado é o principal atrativo. O passeio inclui ainda a Cidade de Pedra e a Cachoeira dos Pelados.
Para descer o cânion, é preciso preparo físico. Mas a boa estrutura em escadas de metal facilita. Lá embaixo, várias cascatas escorrem das veredas. Elas formam um pequeno poço, se comparado com outros do Cerrado, mas a beleza é ímpar.
JALAPÃO UNE BANHOS EM CACHOEIRAS E FERVEDOUROS INCRÍVEIS
De Dianópolis, em menos de cinco horas de carro ou de ônibus, alcança-se Palmas, a capital do Tocantins. É dali que partem as centenas de expedições rumo ao Jalapão.
A primeira parada é na Lagoa do Japonês. Mas vá com calma e, principalmente, com sapatilha aquática, porque as pedras no fundo da lagoa são afiadas e qualquer descuido pode fazer o passeio acabar ali mesmo.
Adiante, o turista alcança as famosas dunas do Jalapão. De acordo com dados da Naturatins, a agência fiscalizadora do turismo no parque estadual, até junho deste ano, 24.123 pessoas visitaram o local. Em todo o ano passado, foram 47.871 turistas – o segundo maior número desde o início do levantamento, em 2012. O pico de visitantes foi registrado em 2021, com 58.644.
A areia de cor laranja que forma as dunas vem do processo de erosão da serra localizada ao fundo, trazida pelo vento. É proibido pisar à beira da duna, tampouco escorregar ou pular nelas. A explicação é para que a duna também não acabe se esparramando e assoreando riachos que têm no entorno.
Depois das visitas, a expedição pelo Jalapão é dedicada a banhos em cachoeiras e nos incríveis fervedouros.
A melhor cachoeira, sem dúvidas, é a do Formiga. A água é incrivelmente transparente. A incidência do sol deixa o poço ainda mais azul. Já os fervedouros são as atrações principais. A sensação de não afundar, em razão da pressão da água, é surpreendente.
O passeio termina com a visita à Serra da Catedral, uma das paisagens mais incríveis e que mais descrevem a região.
A serra forma um paredão idêntico a uma fachada de igreja. A parada é na estrada mesmo, com muitos arbustos e vegetação rasteira ao redor. A dica é aproveitar as camionetes 4 x 4 e fazer a foto no teto do veículo, no melhor estilo aventureiro.
Cruzando a divisa entre o Tocantins e o Maranhão está a cidade de Carolina (MA). Localizada às margens do Rio Tocantins, a cidade oferece boa infraestrutura turística e os passeios mais surpreendentes do Cerrado, a começar pelo nascer do sol no Portal da Chapada.
Ali perto está o complexo turístico da Pedra Caída, que guarda um dos maiores atrativos naturais do Brasil: a Cachoeira do Santuário.
A queda d’água ocorre entre paredões que lembram a parte interna de uma igreja. É um espetáculo da natureza. O local também tem outras cachoeiras, a da Caverna e do Capelão. O ponto negativo é o valor. Todo o passeio não sai por menos de R$ 165 por pessoa.
Mais em conta fica o passeio do Encanto Azul ou Poço Azul. Mas é no segundo empreendimento que encontramos outra maravilha do Brasil: a Cachoeira Santa Bárbara.
É outro lugar de paisagem jurássica do Cerrado brasileiro. As pontes suspensas dão ainda mais charme ao lugar, criando um cenário de filme.
Por fim, a Chapada das Mesas reserva ainda um notável encontro com a natureza. Na Cachoeira São Romão, é possível caminhar por trás da volumosa queda d’água e sentir o spray d’água.
As andorinhas brincam de passar pela cachoeira. O atrativo ainda permite um refrescante banho de rio, além da contemplação da enorme cachoeira.
CORREIO DO ESTADO. Cerrado brasileiro abriga inúmeras belezas naturais, confira. Disponível em:<https://correiodoestado.com.br/correio-b/cerrado-brasileiro-abriga-inumeras-belezas-naturais-confira/420540/>. Acesso em: 25.Set.2023