Organização criminosa foi acusada por crimes de pistolagem, jogos de azar e lavagem de dinheiro
Faixas com apelo pela punição de pessoas supostamente ligadas a uma milícia armada, que agia como se fosse um poder paralelo, em Mato Grosso do Sul, vistas pela primeira vez, a partir de novembro de 2019, quatro anos atrás, voltaram à cena, principalmente em vias de Campo Grande.
Tal bando foi fragmentado no âmbito da Omertà, operação cuja primeira fase foi posta em prática em setembro de 2019 por uma força-tarefa do Ministério Público de MS. De lá para cá, mais seis fases foram deflagradas e ao menos 80 pessoas encarceradas.
Os implicados nos casos, sustentam as denúncias propostas pelo MP, praticaram crimes de pistolagem e ainda eram metidos em lavagem de dinheiro, agiotagem, exploração de jogos de azar e por formação de milícia armada.
Numa das faixas que podem ser notadas e que cobram punição à milícia armada, fotografada na tarde deste domingo pelo Correio do Estado, na rua Afonso Arinos, aos arredores do bairro Cidade Jardim, em Campo Grande, a questão lembrada é o assassinato de um estudante de Direito, em abril de 2019.
Matheus Coutinho Xavier, então com 19 anos de idade, foi fuzilado enquanto manobrava o carro do pai, uma cominhonete, em frente à casa, no Jardim Bela Vista, em Campo Grande.
O acadêmico, conforme apurou a polícia, morreu no lugar do pai, o ex-capitão da Policia Militar Paulo Roberto Teixeira Xavier, o PX.
Ainda de acordo com a apuração policial, Xavier, que foi expulso da PM pela extensa ficha criminal e que integraria a milícia armada, virou alvo da própria organização, daí o assassinato do filho. Os pistoleiros acharam que quem conduzia o veículo seria o ex-militar, não o filho.
“A milícia que planejou a maior matança da história de MS, de picolezeiro a governador será julgada pelo assassinato de jovem inocente”, é o que escreveram numa das faixas fixadas em pontos distintos da Capital.
Um dos acusados de ser o mandante do crime seria Jamil Name Filho, o Jamilzinho, encarcerado em presídio federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
O julgamento em questão já foi suspenso por duas ocasiões, a última delas em fevereiro deste ano. Defensores de Jamilzinho pediram que o réu participasse do julgamento, recorreu ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), daí o adiamento.
Uma nova data foi marcada para o mês de maio, mas a confirmação depende do STJ, ou seja, não há uma data definida.
A investigação acerca da milícia armada supostamente chefiada por Jamilzinho envolveu, durante as investigações, policiais, guardas municipais, pistoleiros e delegado da Polícia Civil.
Até um desembargador do TJ-MS (Tribunal de Justiça de MS) pediu para deixar os processos que investigam a milícia armada em questão.
O desembargador Carlos Eduardo Contar, que já presidiu o TJ, alegou suspeição sem apontar motivo.
Retomando aos dizeres de uma das faixas pedindo punição à milícia: seria de Jamilzinho o relato de que planejava a “maior matança da história de MS, de picolezeiro a governador”.
No fim dos escritos na faixa há um trecho escrito latim com esse significado: “Meu filho eu não vou te deixar”.
AMEAÇAS
Jamilzinho é irmão do deputado estadual Jamilson Name, do PSDB. Sexta-feira passada tornou-se público um documento produzido pela equipe da inteligência da Secretaria da Segurança Pública que faz uma alerta ao parlamentar. Jamilzinho, preso no Rio Grande do Norte, teria ameaçado o irmão por este ter trocado de advogado para defendê-lo. O deputado minimizou o relatório e disse não acreditar nas ameaças.
CORREIO DO ESTADO. Faixas espalhadas em Campo Grande pedem condenação de integrantes de milícia armada. Disponível em:<https://correiodoestado.com.br/cidades/faixas-espalhadas-em-campo-grande-pedem-condenacao-de-integrantes-de/413705/>. Acesso em:17.Abr.2023.