“Na rua, não!”. A afirmação de Elizabeth Alves, 32 anos, externa a preocupação de muitas mães nesse período de férias escolares, temporada de atenção redobrada com as crianças.
Eventos trágicos registrados em Campo Grande em uma semana – morte de uma menina de 7 anos atropelada ontem quando andava de bicicleta e o afogamento de adolescente na última quinta-feira (dia 12) – levam os pais a reforçarem os cuidados.
“Eu mesmo costumo levar para passear. Chega o fim de semana, saio cedo, levo para uma piscina, brinca o dia inteiro já para gastar energia do mês todinho”, diz Elizabeth, lembrando que as crianças têm muita disposição e reclamam de ficar em casa.
Na manhã desta terça-feira (dia 17), ela caminhava pelas ruas do Bairro Paulo Coelho Machado com o filho Paulo Henrique, 11 anos, bem a vista. O menino conta que em 2023 vai trocar de escola e cursar o 6º ano do Ensino Fundamental.
Nas férias, as atividades favoritas são jogar bola e empinar pipa. O gosto pelo futebol fica nítido na camiseta com os nomes do time francês Paris Saint-Germain e do craque Messi.
Para proporcionar momentos de lazer para o menino, a mãe conta que se desdobra. “Trago aqui no centro comunitário, mas não há muita opção de lazer, levo no Jockey [Club]. Se enturma um monte de criança lá no campo, começam a jogar bola, soltam pipa. E também levo na Moreninha, que é longe, mas tem o Parque Jacques da Luz, que é um espaço bom para as crianças”, diz.
Elizabeth, que traz o terceiro filho no ventre, também é mãe de Maria Ester e trava uma luta de ligações para a central de matrículas há dois anos e seis meses em busca de vaga para a menina de 3 anos no Ceinf (Centro de Educação Infantil) Varandas do Campo.
Antes da gestação, ela e o marido tiravam R$ 400 do orçamento do mês para custear uma babá. Funcionária de mercado, ela trabalhava de domingo a domingo.
Mãe de quatro filhos – de 3, 6, 7 e 12 anos -, ela relata que busca opções gratuitas de lazer.
“Eles brincam em casa, ficam comigo no quintal. Levei os quatro na Cidade do Natal e no Bioparque [Pantanal], só uma filha minha que não foi ainda”.
Ao lado da mãe, dona de uma loja de artigos diversos (utilidades, material escolar, brinquedos), o menino Adriano, 8 anos, conta que as atividades favoritas são soltar pipa, assistir desenho no celular e passear aos fins de semana com os pais.
De raciocínio rápido, o garoto se mostra afeito aos números e já sabe de cor alguns dos custos da família, como os R$ 300 pagos para que a irmã de 1 ano e 9 meses tenha babá.
“Pago babá para a neném e ele fica comigo na loja, mais brincando no celular. No fim de semana, levo para passear no parque, na pracinha. Também deixo ele lendo livro, porque não tem aula, mas a gente precisa incentivar para não ficar só preso no celular. Não deixo solto na rua, é muito perigoso, tenho medo”, diz Romácea Cristina de Rezende, 27 anos.