Ribas do Rio Pardo é um bom retrato: era “terra do boi” e agora tem domínio do eucalipto

Mato Grosso do Sul consolidou a troca do binômio “boi-soja” pela “celulose-soja”. O atual retrato ganha força principalmente na região leste, onde o eucalipto marca a rota de Campo Grande a Três Lagoas. Por ali, predominava o boi, facilmente avistado durante qualquer viagem pela BR-262, num cenário de cerrado e cupinzeiros. O gado, aliás, vem em retração. Há 20 anos, Mato Grosso do Sul tinha o maior rebanho do Brasil, agora, fica com o quinto lugar no ranking nacional.

Sempre marcante na economia, a soja teve o plantio intensificado a partir da década de 70. Cinquenta anos depois, o grão “ganhou” Mato Grosso do Sul, com cultivo na maioria dos municípios. Há gigantes como Maracaju, a 160 km de Campo Grande, que está no ranking das dez cidades brasileiras mais ricas do agronegócio. Lá, são 320 mil hectares de soja. E também há preocupação com a conversão de pastagens em lavouras em Bonito, a 257 km da Capital e conhecida pelas águas cristalinas.

Até a década de 1980, o município tinha a agropecuária como principal atividade econômica, mas a partir de 1992, as fazendas, com suas grutas e cachoeiras, foram se abrindo para o turismo. Com crescimento gradual, as lavouras em Bonito passaram de 17 mil hectares para 51 mil hectares em 2018. Na última safra, foram 56.848 hectares.

Também há debate sobre o plantio de soja nos municípios que abrigam o Pantanal. Na região oeste, em Corumbá, predominam o minério e pecuária, sendo o município o dono do segundo maior rebanho do País, no comparativo com as demais cidades brasileiras.

Outro termômetro do binômio “celulose-soja” é a balança comercial de Mato Grosso do Sul. Com a safra colhida e negociada, a soja assumiu o topo da lista como principal produto exportado de janeiro a abril, deslocando a celulose, que ocupava a primeira posição há meses.

No primeiro quadrimestre do ano, foram exportadas 2,1 milhões de toneladas de soja apurando um valor de US$ 1,1 bilhão (mais de 37% de todo o montante das exportações do Estado). Em seguida, vem a celulose com 1,4 milhão de toneladas e US$ 493 milhões. O milho, com 366 mil toneladas, e a carne bovina, com 281 mil toneladas, completam o ranking dos quatro principais produtos sul-mato-grossenses destinados ao comércio exterior. Os dados foram divulgados pela Semadesc (Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

De acordo com Aldo Barrigosse, administrador e especialista em comércio internacional, Mato Grosso do Sul diversificou a produção ao longo de 20 anos, mas, como a disponibilidade de terra é a mesma, é normal algumas atividades econômicas encolherem em detrimento de outras. A lavoura, por exemplo, permite o cultivo de soja e milho durante o ano e, apesar de ter mais riscos, acaba substituindo a pecuária.

“Cultivar soja e milho no mesmo espaço acaba trazendo uma rentabilidade maior para o produtor. Apesar de a agricultura ter riscos e investimento mais altos”, afirma. Mas a lavoura também movimenta outros setores da economia, com venda de insumos a máquinas que valem R$ 1,5 milhão.

“Todos os setores saem fortalecidos e Mato Grosso do Sul é um dos Estados que mais gera emprego em momentos difíceis. Vejo com bons olhos a diversificação. Quanto mais você puder diversificar, mais você está ganhando. É a lógica de nunca colocar todos os ovos numa cesta só. MS tem soja, milho, algodão, pecuária, celulose”, afirma.

O Estado também recebe indústrias gigantes da celulose, como investimento de R$ 19,3 bilhões da Suzano em Ribas do Rio Pardo para erguer a maior fábrica de linha única do mundo. O município é um claro retrato das mudanças. Já foi a Capital do Boi, inclusive com um nelore na entrada da cidade, mas agora tem predominância do eucalipto.

CAMPO GRANDE NEWS. Mato Grosso do Sul troca “boi-soja” por “celulose-soja”: veja o mapa produtivo. Disponível em:<https://www.campograndenews.com.br/economia/mato-grosso-do-sul-troca-boi-soja-por-celulose-soja-veja-o-mapa-produtivo>. Acesso em: 12.Mai.2023.

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