Claudia Sheinbaum venceu a eleição presidencial no México por uma margem de 30 pontos sobre a segunda colocada. A primeira governante mulher em toda a América do Norte desfrutará de maioria de dois terços na Câmara dos Deputados, que permite reformas constitucionais. Se não conquistar a mesma supermaioria no Senado, estará próxima disso. O que isso significa para o futuro do país?

Sheinbaum é considerada mais à esquerda do que o atual presidente, Andrés Manuel López Obrador (AMLO). E terá um mandato mais forte para levar adiante 20 reformas que ele tentou e não conseguiu, como a que introduz eleições para juízes, modifica a saúde e a educação públicas. Por outro lado, a nova presidente pode reverter, ao menos em parte, o processo de militarização do país, conduzido por AMLO.

A votação de 59% de Sheinbaum, ex-prefeita da Cidade do México, espelha fielmente o índice de aprovação de AMLO. A popularidade do presidente se deve à elevação de 120% do salário mínimo acima da inflação e à introdução de outros benefícios trabalhistas, como 12 dias de férias no mínimo, e a garantia do direito de se sentar, para quem trabalha em pé.

AMLO no entanto não cumpriu a promessa de reduzir a violência. Pelo contrário: nesses seis anos de mandato, a situação se agravou. Em média, 80 mexicanos são assassinados por dia. Isso, apesar de AMLO ter aumentado o orçamento das Forças Armadas e seu envolvimento na segurança pública. Ou talvez por isso mesmo: militares não têm treinamento nem cultura organizacional para lidar com a criminalidade, em lugar algum do mundo.

O propósito inicial do presidente era entregar o combate ao narcotráfico a uma Guarda Nacional independente das Forças Armadas. Entretanto, ela acabou capturada por elas. Os militares receberam muitas funções novas, incluindo a gestão de 15 estatais. Diferentemente de outros países latino-americanos, o México não tem tradição de envolvimento dos militares na política, e essa tendência criada por AMLO pode representar uma ameaça à democracia.

Aparentemente, Sheinbaum discorda desse engajamento das Forças Armadas na segurança pública, e gostaria de recuperar o controle civil sobre a Guarda Nacional. Já com relação a outras políticas públicas, ela tem uma tendência ainda maior que AMLO de ampliar os gastos públicos como solução para os problemas sociais.

Isso, num contexto de deterioração das contas públicas, com aumento do déficit e da dívida. Em reação à eleição de Sheinbaum, que assume dia 1º de outubro, e à chance de ela obter uma supermaioria no Congresso, o peso mexicano se desvalorizou frente ao dólar e as ações caíram na Bolsa de Valores do México.

Fonte: CNN Brasil

administrator

Related Articles

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *