Economia registro o 14º trimestre consecutivo de alta, mas indústria e investimentos seguem abaixo dos níveis históricos

A economia brasileira cresceu 1,4% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o resultado, o Produto Interno Bruto (PIB) do país atingiu um novo patamar recorde, mantendo uma sequência de crescimento por 14 trimestres consecutivos — trajetória iniciada no último trimestre de 2021.

O desempenho foi puxado principalmente pelo setor agropecuário, que registrou uma expansão expressiva de 12,2% no período. A pesquisadora do IBGE, Rebeca Palis, destaca que dois fatores contribuíram para o bom resultado no campo: o clima favorável e a concentração de importantes colheitas no primeiro semestre. “A agro tem dois efeitos principais este ano: um é a questão climática que está favorável e a outra é que as colheitas que estão crescendo muito, como a soja, que é a nossa principal lavoura, está concentrada no primeiro semestre. A gente também tem o milho crescendo, o fumo, o arroz, várias colheitas que estão crescendo esse ano têm muita safra no primeiro semestre”, explica.

O setor de serviços, que responde por cerca de 70% do PIB brasileiro, também seguiu em alta, com crescimento de 0,3% no trimestre. As atividades de informação e comunicação foram destaque, com avanço de 3%. Com esse resultado, os serviços atingiram patamares recordes pelo 15º trimestre consecutivo, desde o terceiro trimestre de 2021.

Apesar dos avanços na agropecuária e nos serviços, a indústria apresentou leve retração de 0,1%, puxada pelas quedas nas atividades de construção civil (-0,8%) e indústria de transformação (-1%). A pesquisadora do IBGE aponta que esses segmentos estão sendo impactados pelo custo elevado do crédito. “Esses são setores que estão sentindo os efeitos da alta taxa básica de juros (Selic)”, observa Rebeca.

Na análise sob a ótica da demanda, todos os componentes apresentaram crescimento no primeiro trimestre: o consumo das famílias aumentou 1%, os investimentos (formação bruta de capital fixo) subiram 3,1%, as exportações cresceram 2,9% e o consumo do governo teve leve alta de 0,1%.

Embora o consumo das famílias tenha avançado, Rebeca Palis afirma que há fatores que ainda limitam uma recuperação mais robusta. “Em relação ao consumo das famílias, a gente ainda tem fatores que prejudicam, como a inflação bem resiliente e a política monetária restritiva. Mas a gente continua tendo melhora no mercado de trabalho, continua tendo programas de transferência de renda do governo para as famílias e o crédito continua crescendo, apesar de estar mais caro, então são várias coisas contribuindo positivamente”, analisa. “Mas o consumo das famílias poderia ser mais alto se a gente não tivesse uma política monetária restritiva”.

Apesar do desempenho positivo da economia como um todo, dois importantes indicadores permanecem abaixo dos picos históricos. A indústria está 4,7% abaixo do recorde alcançado no terceiro trimestre de 2013, enquanto os investimentos seguem 6,7% abaixo do nível do segundo trimestre daquele mesmo ano. “A indústria é a única das grandes três atividades econômicas que ainda está no patamar abaixo do pico”, ressalta Rebeca Palis.

administrator

Related Articles

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *