
Atualmente, o alívio na fatura é uma realidade apenas para consumidores de média e alta tensão
Ter a opção de escolher qual energia utilizar em sua residência passará a ser a realidade dos brasileiros a partir de dezembro de 2027. Esse novo comportamento de consumo é chamado também de Mercado Livre de Energia. A mudança faz parte da nova etapa de abertura do mercado de energia elétrica, anunciada pelo MME (Ministério de Minas e Energia, que estima até 40% de economia na fatura de luz.
Hoje, essa é uma realidade vivenciada apenas por grandes empresas como escolas, restaurantes e varejistas, que são considerados consumidores de média e alta tensão. Em entrevista para o jornal O Estado, o Diretor de Gestão e Parcerias Estratégias da Ecom Energia, Luis Prates avaliou que o novo formato de consumir energia deverá cair rapidamente no gosto do consumidor. Por oferecer ao cliente uma previsibilidade nas contas.
“Não há nenhuma razão para um cliente não migrar para um ambiente onde ele tem acesso à energia mais acessível, a um preço previsível, portanto mais barata e de fonte renovável. Além de ser um sistema sofisticado de gestão de energia elétrica no país, com uma Câmara de Compensação de Energia Elétrica regulando as ações de compra e venda de energia, no que a gente chama de ambiente de contratação livre”, pontuou.
Para o CEO da Spirit Energia, Uberto Sprung, essa migração e liberdade de escolher como consumir energia será uma transformação histórica no setor elétrico. “A entrada das residências no mercado livre representa uma democratização no acesso à escolha, algo que antes era restrito a grandes consumidores”, destacou.
Segundo o MME, o objetivo da reforma é ampliar a concorrência, estimular a inovação e dar mais liberdade ao consumidor, “algo comparável ao que ocorreu com os mercados de telefonia e internet”, explica Sprung. No modelo tradicional, os consumidores são obrigatoriamente atendidos pela distribuidora local, sem poder de escolha. Já no mercado livre, será possível optar por empresas que ofereçam melhores condições de preço e contrato.
Recorde de adesão
Em comparação a 2024, o Mercado livre teve crescimento de 10,7% conforme dados da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) – instituição que acompanha em tempo real o comportamento da demanda por eletricidade no país inteiro. A adesão pela migração no consumo de energia é considerada um recorde desde que a modalidade passou a operar.
Segundo os dados coletados e analisados pela Câmara, o país consumiu, em média, 73.567 megawatts médios (MWm) nos primeiros quatro meses de 2025. As temperaturas mais amenas e o clima mais chuvoso impactaram especialmente o mercado regulado, que atende residências e pequenos comércios. Esse segmento registrou consumo médio de 43.981 MWm, uma queda de 4,1% na comparação anual, reflexo também da migração de consumidores para o mercado livre.
O restante, 29.586 MWm, foi direcionado para o ambiente livre, que permite aos consumidores escolherem o seu fornecedor, segmento que vem ganhando cada vez mais representatividade no país. No total, 26.834 consumidores optaram por trocar de fornecedor de energia, um volume surpreendente que superou em mais de três vezes o número de migrações de 2023 (7.397).