Mobilização nacional levou manifestantes às ruas de dez capitais para pedir respeito à vida das mulheres

Homens e mulheres de Campo Grande se reúnem na Praça Ary Coelho e caminham pela Avenida Afonso Pena para protestar contra o feminicídio. A ação é parte de uma mobilização nacional e ganha força em Mato Grosso do Sul, uma vez que o Estado já tem 38 ocorrências do crime neste ano, superando a marca de 2024.
O ato conta com participantes de todas as idades. Antes do início, às 9h, manifestantes produziram cartazes para o protesto. Um deles tem uma oração contra o feminicídio. “Proteja nossas vidas daqueles que nasceram de uma mulher e nos desejam mortas. Não os perdoe, Mãe, eles sabem o que fazem”, apela a oração.
Outro cartaz pede: “Do Pantanal à Capital, parem de nos matar. Isso não é normal”. Outra placa critica o aumento de feminicídios no Estado. “MS sangra, MS grita, chega de mulher ter a vida interrompida”. Por fim, há também um cartaz lembrando da defesa dos direitos da mulher, para além da vida. “Enquanto uma mulher for silenciada, nenhuma de nós estará livre”.
‘Queremos estar vivas’
A organizadora do protesto e assessora parlamentar, Alice Leal, afirma que o alto número de mortes de mulheres é o que leva as pessoas à rua. “Temos sofrido muito. E, infelizmente, fazer esse ato não é uma vitória, muito pelo contrário. É um absurdo que a gente tenha que fazer um ato para dizer: ‘Nós queremos estar vivas‘”.
Segundo ela, a principal demanda do ato é respeito às mulheres. “Para que os homens respeitem as mulheres, para que não nos matem. Nós queremos isso: estar vivas, tanto as mulheres adultas quanto as mais jovens. E queremos que os homens também levantem essa voz a favor das mulheres”, conclui Alice Leal.

MS é o 2° estado que mais mata mulheres
Vereadora de Campo Grande, Luiza Ribeiro (PT) participa da manifestação e cita que MS é o segundo estado com maior taxa de feminicídio, conforme o Anuário de Segurança Pública.
Ela cobra a destinação de orçamento a políticas públicas para mulheres, além da construção de mais Casas da Mulher Brasileira no Estado. Segundo a vereadora, o Governo Federal enviou recursos para construção dessas casas de apoio às mulheres em Dourados, Corumbá e Ponta Porã, mas as obras ainda não começaram.
“Se nacionalmente as pessoas já estão revoltadas com o feminicídio, imagine em Mato Grosso do Sul, que inclusive já ultrapassou o número de feminicídios ocorridos em todo o ano de 2024. Agora, em novembro de 2025, são 38 mulheres assassinadas apenas pela condição de ser mulher”, afirma Luisa.
Luiza Ribeiro lamenta que Mato Grosso do Sul possa aparecer, de novo, como campeão nacional em feminicídios neste ano. “Mas não é essa colocação que nos incomoda, o que nos incomoda é a morte de qualquer mulher”, conclui a vereadora.
Mobilização nacional
Segundo a Agência Brasil, outras nove capitais do Brasil recebem protestos contra feminicídio neste domingo (7):
- São Paulo (SP): 14h, vão do Masp;
- Curitiba (PR): 10h, Praça João Cândido (Largo da Ordem);
- Manaus (AM): 17h, Largo São Sebastião;
- Rio de Janeiro (RJ): 12h, Posto 5 – Copacabana;
- Belo Horizonte (MG): 11h, Praça Raul Soares;
- Brasília (DF) e entorno: 10h, Feira da Torre de TV;
- São Luís (MA): 9h, Praça da Igreja do Carmo (Feirinha);
- Teresina (PI): 17h, Praça Pedro II.
“Basta de feminicídio. Queremos as mulheres vivas” é o lema das manifestantes. A mobilização nacional foi convocada após uma onda de feminicídios recentes que abalaram o país. Manifestantes denunciam o aumento de feminicídios e protestam contra todas as formas de violência.
Coletivos, movimentos sociais e organizações feministas organizaram as manifestações.
Lista de feminicídios em MS em 2025:
- Karina Corim (Caarapó) – 4 de fevereiro;
- Vanessa Ricarte (Campo Grande) – 12 de fevereiro;
- Juliana Domingues (Dourados) – 18 de fevereiro;
- Mirielle dos Santos (Água Clara) – 22 de fevereiro;
- Emiliana Mendes (Juti) – 24 de fevereiro;
- Gisele Cristina Oliskowiski (Campo Grande) – 1º de março;
- Alessandra da Silva Arruda (Nioaque) – 29 de março;
- Ivone Barbosa (Sidrolândia) – 17 abril;
- Thácia Paula (Cassilândia) – 11 de maio;
- Simone da Silva (Itaquiraí) – 14 de maio;
- Olizandra Vera Cano (Coronel Sapucaí) – 23 de maio;
- Graciane de Sousa Silva (Angélica) – 25 de maio;
- Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio;
- Sophie Eugenia Borges, filha de Vanessa Eugênio Medeiros (Campo Grande) – 28 de maio;
- Eliana Guanes (Corumbá) – 6 de junho;
- Doralice da Silva (Maracaju) – 20 de junho;
- Rose (Costa Rica) – 27 de junho;
- Michely Rios Midon Orue (Glória de Dourados) – 3 de julho;
- Juliete Vieira – (Naviraí) – 25 de julho;
- Cinira de Brito (Ribas do Rio Pardo) – 31 de julho;
- Salvadora Pereira (Corumbá) – 2 de agosto;
- Dahiana Ferreira Bobadilla (Assassinada no Paraguai, mas encontrada em Bela Vista) — 8 de agosto;
- Érica Regina Mota (Bataguassu) – 27 de agosto;
- Dayane Garcia (Nova Alvorada do Sul) – 3 de setembro;
- Iracema Rosa da Silva (Dois Irmãos do Buriti) – 8 de setembro;
- Ana Taniely Gonzaga de Lima – 13 de setembro;
- Gisele da Silva Cylis Saochine (Campo Grande) – 2 de outubro;
- Erivelte Barbosa Lima de Souza (Paranaíba) – 10 de outubro;
- Andrea Ferreira (Bandeirantes) – 12 de outubro;
- Solene Aparecida Corrêa (Três Lagoas) – 21 de outubro;
- Luana Cristina Ferreira Alves (Campo Grande) – 28 de outubro;
- Aline Silva (Jardim) – 4 de novembro;
- Mara Aparecida do Nascimento Gonçalves (Aparecida do Taboado) – 4 de novembro;
- Rosimeire Vieira de Oliveira (Rochedo) – 10 de novembro;
- Irailde Vieira Flores de Oliveira (Rochedo) – 10 de novembro;
- Gabrielli Oliveira dos Santos (Sonora) – 18 de novembro.
