
A preocupação entre a população é que a mudança reduza o valor do benefício
Ainda em fase de discussão, o Governo Federal avalia substituir o benefício do VR (Vale-Refeição) por Pix direto na conta do trabalhador. A proposta estima que a alteração deverá conter os impactos que a inflação dos alimentos têm comprometido no orçamento da população. O Estado, ouviu na sexta-feira (25), alguns trabalhadores em Campo Grande, os quais apontaram vantagens sobre a mudança.
Para a consultora de vendas, Bruna Vaz, a opção de receber o benefício por meio do Pix possibilita utilizar o valor em outras prioridades além da alimentação. “Acredito que é uma boa mudança. No meu caso, o cartão VR não é aceito em outros lugares, como por exemplo, nas farmácias ou posto de gasolina. Mas se esse benefício cair como Pix, eu poderia usá-lo em outras situações que também são de emergência”, defende a trabalhadora.
Para o economista, Odirlei Dal Moro, a nova regra eliminaria os intermediários como operadoras de cartão e dá mais liberdade ao trabalhador sobre o que fazer com o dinheiro. No entanto, falando sobre desvantagens, o especialista aponta o risco claro do recurso não ser gasto para a finalidade a que se destina.
“Importante destacar que o pagamento em dinheiro do vale-alimentação já acontece, por exemplo, aos servidores federais. O valor aparece no contracheque e o governo paga em dinheiro no dia do pagamento. Da mesma forma benefícios sociais também são pagos desta forma, via depósito direto em conta. Penso que a medida é favorável, ninguém melhor que o trabalhador para saber qual é a sua real necessidade no momento em que recebe o dinheiro”, analisa Dal Moro.
Para a trabalhadora, Kamila Monteiro, a mudança teria pouca influência na forma de como ela usa o cartão de refeição, pois todo o recurso é usufruído principalmente nas compras no supermercado. “Para mim é um pouco indiferente, pois uso o valor para fazer compras aqui em casa. Isso no mercado atacadista. Então assim, Pix ou cartão, vai ser para o mesmo destino”, ressalta.
Prejuízo para economia?
O cartão de vale-refeição é aceito em sua maioria em estabelecimentos comerciais, como restaurantes, lanchonetes, supermercados, padarias, entre outros. Esses setores poderão possivelmente perder a receita se a proposta do governo federal seguir adiante, com esse cenário a Abrasel-MS (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Mato Grosso do Sul), explicou que “acompanha o assunto, junto com a Nacional, porém ainda não tem um posicionamento, uma vez que a proposta não está consolidada”.
O sistema de benefícios corporativos movimenta bilhões de reais por ano e envolve taxas aplicadas por operadoras de cartões. O estudo da substituição do atual modelo de vale-refeição, faz parte do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). O governo federal defende que a medida está em debate no Palácio do Planalto e tem como objetivo reduzir os custos operacionais cobrados por empresas intermediárias.
A proposta está sendo debatida entre os ministros e segundo Fernando Haddad (Fazenda), uma primeira proposta de regulamentação pode ser apresentada dentro de 30 dias, caso haja viabilidade jurídica. A iniciativa tem sido analisada por integrantes da equipe econômica e é vista como uma forma de garantir que os benefícios cheguem integralmente aos trabalhadores sem que sejam parcialmente retidos pelas empresas intermediárias.
Fala Povo
Isabela Arruda (24), vendedora
“Não acho viável, acredito que o trabalhador pode ser prejudicado pois o patrão pode até diminuir o valor do benefício se passa a ser depositado em Pix. E muitas empresas fazem parcerias com outras empresas como o Alelo”.
Foto: Roberta Martins
Jackeline Brito (25), atendente em loja
“Não vejo vantagem em receber pelo Pix. O meu VR é de R$598, e costumo usar esse benefício realmente para compra de alimentos. Então, ao invés de gastar o meu dinheiro no mercado, uso o vale”.
Foto: Roberta Martins
Cristiane Souza, (34), consultora de vendas
“Eu acredito que esse dinheiro deveria ser no Pix mesmo, já que é um direito do trabalhador. Então nada mais justo que o mesmo decida como usar esse benefício”.
Foto: Roberta Martins
Roberta Vendramini, (35) cabeleireira
“No Pix ou no cartão o importante é receber o benefício. Mas com certeza no Pix dá mais ânimo para o trabalhador e cabe a ele gastar com responsabilidade pra não ficar sem o que comer e gastar com bobeira”.
Foto: Roberta Martins